segunda-feira, 26 de setembro de 2011
Afundar o capitalismo num mar de lutas!
Está em curso o maior ataque do capitalismo ao mundo do trabalho verificado nestas últimas décadas, um ataque sem precedentes assente na exploração desenfreada sobre os trabalhadores e o povo.
Todos os dias, somos contemplados com novas medidas ordenadas pelo FMI para que o governo submisso do PSD/CDS as ponha em práctica, qual delas a mais canalha; o brutal aumento dos transportes públicos, da electricidade, do gás, o aumento do IVA aplicado aos bens sociais e a eliminação das deduções fiscais no IRS (na saúde, educação e habitação), o agravamento das reformas de miséria.
O desemprego aumenta todos os dias com o encerramento de pequenas e médias empresas e o despedimento de trabalhadores da função pública em números que vão aumentar a exploração dos restantes e degradar serviços já de si parcos.
Anunciam-se cortes significativos em sectores vitais como a saúde, a educação e a segurança social. Apenas uma excepção, o ministério da administração interna vê as verbas serem aumentadas, o que nos leva a concluir que as forças policiais são prendadas com o único fito de se manterem disponíveis para reprimir as lutas de quem trabalha.
Assistimos ao desmembramento das empresas públicas vitais para a sobrevivência do país, o governo apressa-se a vendê-las a “pataco”, por valores económicos, que nem dão para pagar um ano de juros de empréstimos contraídos.
O agravamento das leis do trabalho está nos horizontes do governo, que pretnde que o patronato ba prática possa despedir sempre que lhe ocorra, sem que tenha que pagar qualquer indeminização.
Sobre o pano de fundo do capitalismo somam-se os escândalos financeiros, sendo o mais badalado de momento a dívida da Madeira, depois de tantos outros casos envolvendo ministros, ex-ministros, banqueiros e outras personagens que vivem à babugem do sistema.
A falência da democracia burguesa está à vista de todos, passaram 37 anos sobre o 25 de Abril e as conquistas alcançadas foram sucessivamente roubadas com a cumplicidade dos principais partidos no cumprimento da missão que o capitalismo lhes encomendou. Sempre nos disseram que a democracia se verificava no âmbito do sistema parlamentar, ora as sucessivas eleições encarregaram-se de demonstrar que tal como está não serve o povo.
Até quando nos vamos sujeitar a este estado de exploração e corrupção capitalista?
Nestes últimos dias, o presidente da república, o primeiro ministro e outras figuras do governo, vivem obcecados com o facto de Portugal não ser a Grécia. Contrariando estes comentários, economistas internacionais e nacionais, afirmam que Portugal está a seguir o caminho da Grécia tal como outros países do sul da Europa em consequência da especulação financeira do grande capital europeu. A crise do capitalismo está para ficar e o grande capital lança-se como lobos sobre as suas presas.
Uma só solução se coloca:
Barrar o agravamento da legislação laboral impedindo que sejamos mais escravizados do que já somos presentemente;
Impedir os despedimentos por uma luta determinada, a nível nacional e internacional;
Em caso de despedimento garantia do salário por inteiro ao trabalhador;
Estas são algumas medidas ou acções em nossa defesa, mas devemos rransformar a nossa justa indignação numa luta pelas nossas aspirações colectivas. A manifestação do dia 1 de Outubro será um passo neste sentido.
Nós, os trabalhadores devemos desenvolver as nossas próprias formas de luta, com reuniões, plenários, comissões a nível de bairro, a fim de criarmos um vasto movimento contra as medidas do capitalismo, e pela realização de uma greve geral nacional combativa com amplas assembleias e ocupação das ruas.
Contra o grande capital europeu, a luta dos povos!
domingo, 25 de setembro de 2011
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
O Clube dos Abutres de Paris e a guerra de emancipação nacional
por Carlos Aznárez
Não faltou nenhum dos convidados na foto de família promovida em Paris pelo presidente Sarkozy. Sorridentes, como se se tratasse de algum festejo, ostentando seus fatos e gravatas de marca, ali posaram desde o inefável secretário da ONU, Ban Ki Moon, até representantes de 73 países, dentre os quais não faltavam as senhoras Clinton e Merkel, até representantes da Rússia e da China, que tão pouco podiam perder o acontecimento. Não é preciso dizer que também um delegado de alto nível do Brasil e outro da Colômbia, em nome da América Latina cativa nas relações carnais com o Império e, é claro, os assimilados da União Africana, com a honrosa excepção da África do Sul, e os obsequiosos serviçais de uma Liga que se faz chamar de Árabe e que sempre tripudia contra os povos desse imenso território que outrora Gamal Abdel Nasser sonhou unir.
O acontecimento que convocava para aquilo que denominaram Clube de Amigos da Líbia era muito especial: repartirem as enormes riquezas do território da Líbia que os seus aviões bombardearam durante mais de 120 dias, destruindo habitações, infraestrutura, escolas, universidades, hospitais e todo ser humano vivo que se lhes cruzasse no caminho. Cinquenta mil corpos queimados por bombas de fósforo e urânio empobrecido, dizem os números mais optimistas. Cinquenta mil inocentes arrasados pela cobiça dos "salvadores e defensores dos direitos humanos", só pelo facto de serem líbios e recusarem qualquer ataque à sua soberania como povo.
Em Paris estavam todos os que desfilam pelo mundo como pregadores da "paz", enquanto mobilizam seus mísseis nos aviões de uma nova Cruzada. Na realidade, o que foi gestado pelo novo "Bush europeu", Sarkozy, assemelha mais a um Clube de Abutres Carniceiros. Diante da carniça da destruição de toda a infraestrutura de uma nação, até ontem independente, eles afiavam suas garras para ficarem com os melhores nacos. Nesse âmbito, a revelação oportuna do diário francês Libération esclarecia porque o presidente francês se havia apressado a reconhecer o governo títere do Conselho Nacional de Transição, por volta de meados de Março deste ano, quando os mercenários de Bengazi (esses a que o jornalista Walter Martinez jocosamente qualificou com acerto como "o exército de Brancaleone") entretinham-se a fazer corridas de um lado para outro com veículos artilhados e desperdiçavam balas por toda a parte.
A parte do bolo que o CNT prometeu à França (o petróleo bruto que o solo líbio proporciona tão generosamente) era mais que tentadora e oscilava nos 35% da exploração total. Ao que certamente se somará uma percentagem semelhante do que se obtiver do ouro, outra das inúmeras riquezas do país invadido.
Sarkozy desmentiu timidamente o Libération, mas seus sócios já conhecem este tipo de manhas uma vez que as utilizam habitualmente.
Contudo, o positivo desta jornada de repartição de lucros com base na morte de milhares de líbios é que já não escondem suas tropelias – fazem-no publicamente à luz do dia e com taquígrafos. São a cara mais descarada da ingerência estrangeira num país. Bombardeiam, matam, roubam, distribuem o botim e se a situação obriga, brigam entre si por uma percentagem a mais ou a menos. Essa forma de actuar esclarece os leitores inteligentes que não estejam sob os efeitos do clorofórmio da quase totalidade dos mass media, que como sempre impuseram o discurso único sobre o "assunto Líbia". Esses media que falam de "regime de ditadura" ou de "crimes" quando se referem a Kadafi e não mostram o menor recato em considerar o ultra-milionário emir do Qatar ou numerosos dos integrantes do CNT que até ontem eram acusados de serem "terroristas".
Assim estão as coisas nesta Nova Ordem Europeia construída a poder de bombas. Ela por um lado demonstra a debilidade do império norte-americano e do seu presidente, que pela primeira vez em muitos anos teve de delegar a execução de uma agressão belicista e espoliadora nos seus colegas europeus, em consequência da imensa crise económica na qual estão imersos os Estados Unidos. E, por outro lado, assinala claramente que no seu afã de restabelecerem suas economias que caem a pique, os países que integram a Europa do Capital estão dispostos não só a saquear a Líbia como, no dizer do imperador Sarkozy e seu aliados, já pensam na Síria (à qual a UE bloqueou as vendas de petróleo) e no Irão, país a que acusam de "provável agressor nuclear" (Sarkozy dixit).
INVASÃO + MORTE = DEPENDÊNCIA
Neste quadro de interesses nauseabundos, há um factor que o império ocidental deverá ter em conta: os povos já não estão a dormir o sono dos justos, despertaram e querem terminar com esta equação de invasão mais morte igual a dependência. Aí está a experiência do povo egípcio ou o de Tunes e o do Iémen, mas também, como se verificou no Iraque invadido, muito em breve, talvez neste mesmo instante, ouviremos o rugir de dignidade da resistência líbia. Não só por Kadafi convocar seus seguidores para guerrear e dar aos invasores o que merecem, mas porque é a lei da vida: país invadido por forças militares colonialistas e por mercenários, convoca seus homens e mulheres a travarem novas batalhas, não só de auto-defesa como de emancipação nacional.
No plano internacional, onde não cabem só os que foram a Paris ao beija-mão de Sarkozy, restam muitos autênticos amigos do povo líbio, como a Venezuela, Cuba – que acaba de encerrar sua embaixada e desconhece o CNT –, Nicarágua, Equador, Bolívia e todos aqueles que recusam a NATO e seus sequazes.
Neste sentido, não há dúvida de que ainda não foi dita a última palavra sobre a Líbia.
O original encontra-se em Resumen Latinoamericano
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
Não faltou nenhum dos convidados na foto de família promovida em Paris pelo presidente Sarkozy. Sorridentes, como se se tratasse de algum festejo, ostentando seus fatos e gravatas de marca, ali posaram desde o inefável secretário da ONU, Ban Ki Moon, até representantes de 73 países, dentre os quais não faltavam as senhoras Clinton e Merkel, até representantes da Rússia e da China, que tão pouco podiam perder o acontecimento. Não é preciso dizer que também um delegado de alto nível do Brasil e outro da Colômbia, em nome da América Latina cativa nas relações carnais com o Império e, é claro, os assimilados da União Africana, com a honrosa excepção da África do Sul, e os obsequiosos serviçais de uma Liga que se faz chamar de Árabe e que sempre tripudia contra os povos desse imenso território que outrora Gamal Abdel Nasser sonhou unir.
O acontecimento que convocava para aquilo que denominaram Clube de Amigos da Líbia era muito especial: repartirem as enormes riquezas do território da Líbia que os seus aviões bombardearam durante mais de 120 dias, destruindo habitações, infraestrutura, escolas, universidades, hospitais e todo ser humano vivo que se lhes cruzasse no caminho. Cinquenta mil corpos queimados por bombas de fósforo e urânio empobrecido, dizem os números mais optimistas. Cinquenta mil inocentes arrasados pela cobiça dos "salvadores e defensores dos direitos humanos", só pelo facto de serem líbios e recusarem qualquer ataque à sua soberania como povo.
Em Paris estavam todos os que desfilam pelo mundo como pregadores da "paz", enquanto mobilizam seus mísseis nos aviões de uma nova Cruzada. Na realidade, o que foi gestado pelo novo "Bush europeu", Sarkozy, assemelha mais a um Clube de Abutres Carniceiros. Diante da carniça da destruição de toda a infraestrutura de uma nação, até ontem independente, eles afiavam suas garras para ficarem com os melhores nacos. Nesse âmbito, a revelação oportuna do diário francês Libération esclarecia porque o presidente francês se havia apressado a reconhecer o governo títere do Conselho Nacional de Transição, por volta de meados de Março deste ano, quando os mercenários de Bengazi (esses a que o jornalista Walter Martinez jocosamente qualificou com acerto como "o exército de Brancaleone") entretinham-se a fazer corridas de um lado para outro com veículos artilhados e desperdiçavam balas por toda a parte.
A parte do bolo que o CNT prometeu à França (o petróleo bruto que o solo líbio proporciona tão generosamente) era mais que tentadora e oscilava nos 35% da exploração total. Ao que certamente se somará uma percentagem semelhante do que se obtiver do ouro, outra das inúmeras riquezas do país invadido.
Sarkozy desmentiu timidamente o Libération, mas seus sócios já conhecem este tipo de manhas uma vez que as utilizam habitualmente.
Contudo, o positivo desta jornada de repartição de lucros com base na morte de milhares de líbios é que já não escondem suas tropelias – fazem-no publicamente à luz do dia e com taquígrafos. São a cara mais descarada da ingerência estrangeira num país. Bombardeiam, matam, roubam, distribuem o botim e se a situação obriga, brigam entre si por uma percentagem a mais ou a menos. Essa forma de actuar esclarece os leitores inteligentes que não estejam sob os efeitos do clorofórmio da quase totalidade dos mass media, que como sempre impuseram o discurso único sobre o "assunto Líbia". Esses media que falam de "regime de ditadura" ou de "crimes" quando se referem a Kadafi e não mostram o menor recato em considerar o ultra-milionário emir do Qatar ou numerosos dos integrantes do CNT que até ontem eram acusados de serem "terroristas".
Assim estão as coisas nesta Nova Ordem Europeia construída a poder de bombas. Ela por um lado demonstra a debilidade do império norte-americano e do seu presidente, que pela primeira vez em muitos anos teve de delegar a execução de uma agressão belicista e espoliadora nos seus colegas europeus, em consequência da imensa crise económica na qual estão imersos os Estados Unidos. E, por outro lado, assinala claramente que no seu afã de restabelecerem suas economias que caem a pique, os países que integram a Europa do Capital estão dispostos não só a saquear a Líbia como, no dizer do imperador Sarkozy e seu aliados, já pensam na Síria (à qual a UE bloqueou as vendas de petróleo) e no Irão, país a que acusam de "provável agressor nuclear" (Sarkozy dixit).
INVASÃO + MORTE = DEPENDÊNCIA
Neste quadro de interesses nauseabundos, há um factor que o império ocidental deverá ter em conta: os povos já não estão a dormir o sono dos justos, despertaram e querem terminar com esta equação de invasão mais morte igual a dependência. Aí está a experiência do povo egípcio ou o de Tunes e o do Iémen, mas também, como se verificou no Iraque invadido, muito em breve, talvez neste mesmo instante, ouviremos o rugir de dignidade da resistência líbia. Não só por Kadafi convocar seus seguidores para guerrear e dar aos invasores o que merecem, mas porque é a lei da vida: país invadido por forças militares colonialistas e por mercenários, convoca seus homens e mulheres a travarem novas batalhas, não só de auto-defesa como de emancipação nacional.
No plano internacional, onde não cabem só os que foram a Paris ao beija-mão de Sarkozy, restam muitos autênticos amigos do povo líbio, como a Venezuela, Cuba – que acaba de encerrar sua embaixada e desconhece o CNT –, Nicarágua, Equador, Bolívia e todos aqueles que recusam a NATO e seus sequazes.
Neste sentido, não há dúvida de que ainda não foi dita a última palavra sobre a Líbia.
O original encontra-se em Resumen Latinoamericano
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
Abutres saqueiam a Líbia
Se havia dúvidas, estes últimos dias colocaram perante o mundo de qual os verdadeiros desígnios da NATO/UE em relação à Líbia.
O artigo que se segue é bem ilucidativo .
O capitalismo do desastre lança-se sobre a Líbia
por Pepe Escobar [*]
Pense na nova Líbia como o capítulo mais recente da série "Capitalismo do desastre". Ao invés de armas de destruição em massa, temos a R2P ("responsibility to protect"). Ao invés de conservadores, temos imperialistas humanitários.
Mas o objectivo é o mesmo: mudança de regime. E o projecto é o mesmo: desmantelar e privatizar completamente uma nação que não estava integrada no turbo-capitalismo; abrir uma outra (lucrativa) terra de oportunidade para o neoliberalismo com turbo-propulsor. A coisa toda é especialmente conveniente porque é um empurrão em meio a uma recessão quase global.
Levará algum tempo; o petróleo líbio não retornará totalmente ao mercado nos próximos 18 meses. Mas há a reconstrução de tudo o que a NATO bombardeou (bem, não muito do que o Pentágono bombardeou em 2003 foi reconstruído no Iraque...)
Seja como for – desde o petróleo à reconstrução – em tese assomam oportunidades de negócio sumarentas. O neo-napoleonico Nicolas Sarkozy, da França, e o britânico David da Arábia Cameron acreditam que estarão especialmente bem posicionados para lucrar com a vitória da NATO. Mas não há garantia que a nova fonte de riqueza líbia seja suficiente para erguer as duas antigas potências coloniais (neo-coloniais?) acima da recessão.
O presidente Sarkozy em particular extrairá as oportunidades de negócios para companhias francesas por tudo que elas valem – parte da sua ambiciosa agenda de "reposicionamento estratégico" da França no mundo árabe. Os complacentes media franceses exultantes dizem que esta foi a "sua" guerra – fiando-se em que ele decidiu armas os rebeldes no terreno com armamento francês, em estreita cooperação com o Qatar, incluindo uma unidade de comando chave rebelde que foi [enviada] por mar de Misrata para Tripoli no sábado passado, no princípio da "Operação Sirene".
Bem, ele certamente viu a oportunidade quando o chefe do protocolo de Muamar Kadafi desertou para Paris em Outubro de 2010. Foi quando o drama da mudança total de regime começou a ser incubado.
Bombas por petróleo
Como observado anteriormente (ver Welcome to Libya's 'democracy' , Asia Times Online, August 24) os abutres já estão a circular sobre Tripoli para agarrar (e monopolizar) os despojos. E, sim, a maior parte da acção tem a ver com negócios de petróleo, como se verifica nesta clara afirmação de Abdeljalil Mayouf, gestor de informação na "rebelde" Arabian Gulf Oil Company: "Nós não temos problemas com países ocidentais como as companhias italianas, francesas e britânicas. Mas podemos ter algumas questões políticas com a Rússia, a China e o Brasil".
Estes três acontece serem membros cruciais do grupo BRICS de economias emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), as quais estão realmente a crescer enquanto as economias atlantistas que fazem os bombardeamentos da NATO estão ou encravadas na estagnação ou em recessão. Acontece que os quatro principais BRICS também se abstiveram de aprovar a resolução 1973 do Conselho de Segurança da ONU, a fraude da zona de interdição de voo (no-fly) que se metamorfoseou na mudança de regime conduzida pela NATO. Eles viram correctamente desde o princípio.
Para tornar as coisas piores (para eles), apenas três dias antes de o Africom do Pentágono lançava seus primeiros 150 Tomahawks sobre a Líbia, o coronel Kadafi deu uma entrevista à TV alemã enfatizando que se o país fosse atacado, todos os contratos de energia seriam transferidos para companhias russas, indianas e chinesas.
Assim, os vencedores da mina petrolífera já estão designados: membros da NATO mais monarquias árabes. Dentre as companhias envolvidas, a British Petroleum (BP), a Total da França e a companhia nacional de petróleo do Qatar. Para o Qatar – o qual despachou caças a jacto e recrutadores para as linhas de frente, treinou "rebeldes" em técnicas de combate exaustivas e já administra vendas de petróleo na Líbia oriental – a guerra revelar-se-á uma decisão de investimento muito sábia.
Antes dos longos meses de crise que agora está na sua etapa final com os rebeldes na capital, Tripoli, a Líbia estava a produzir 1,6 milhão de barris por dia. Uma vez retomada a produção os novos dominadores de Tripoli colheriam uns US$50 mil milhões por ano. A maior parte das estimativas estabelece as reservas de petróleo da Líbia em 46,4 mil milhões de barris.
Os "rebeldes" da nova Líbia é melhor não se meterem com a China. Cinco meses atrás, a política oficial da China já era apelar a um cessar-fogo. Se isto tivesse acontecido, Kadafi ainda controlaria mais da metade da Líbia. Mas Pequim – que nunca foi adepta de mudanças de regime violentas – por enquanto está a exercer extrema contenção.
WenZhongliang, o vice-ministro do Comércio, observou deliberadamente: "A Líbia continuará a proteger os interesses e direitos de investidores chineses e esperamos continuar o investimento e a cooperação económica". Numerosas declarações oficiais estão a enfatizar a "cooperação económica mútua".
Na semana passada, Abdel Hafiz Ghoga, vice-presidente do duvidoso Conselho Nacional de Transição (CNT), disse à [agência] Xinhua que todos os negócios e contratos efectuados com o regime Kadafi seriam honrados – mas Pequim não quer correr riscos.
A Líbia forneceu mais de 3% das importações de petróleo da China em 2010. Angola é um fornecedor muito mais crucial. Mas a China ainda é o principal cliente da Líbia na Ásia. Além disso, a China poderia ser muito útil quanto à reconstrução da infraestrutura, o na exportação de tecnologia – não menos de 75 companhias chinesas com 36 mil empregados estavam já no terreno antes de estalar a guerra tribal/civil, rapidamente evacuados em menos de três dias.
Os russos – da Gazprom à Tafnet – tinham milhares de milhões de dólares investidos em projectos líbios, a petrolífera gigante brasileira Petrobrás e a companhia de construção Odebrecht também têm interesses ali. Ainda não está claro que lhes acontecerá. O director-geral do Russia-Libya Business Council, Aram Shegunts, está extremamente preocupado: "Nossas companhias perderão tudo porque a NATO as impedirá de fazerem negócios na Líbia".
A Itália parece ter aprovado a versão "rebelde" do "você ou está connosco ou sem nós". O gigante da energia ENI aparentemente não será afectado, pois o primeiro-ministro Silvio "Bunga Bunga" Berlusconi pragmaticamente jogou fora o seu anterior relacionamento muito estreito com Kadfi, no princípio da profusão de bombardeamentos Africom/NATO.
Directores da ENI estão confiantes em que os fluxos de petróleo e gás da Líbia para o Sul da Itália serão retomados antes do Inverno. E o embaixador líbio na Itália, Hafed Gaddur, reassegurou Roma de que todos os contratos da era Kadafi serão honrados. Por via das dúvidas, Berlusconi encontrará o primeiro-ministro do CNT, Mahmoud Jibril, nesta quinta-feira em Milão.
Bin Laden
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia, Ahmet Davutoglu – da conhecida política "zero problemas com nossos vizinhos" – também tem estado a louvar os antigos "rebeldes" transformados em detentores do poder. Observando também as possibilidades de negócios pós Kadafi, Ancara – como flanco oriental da NATO – acabou por ajudar a impor um bloqueio naval ao regime de Kadafi, cultivou cuidadosamente o CNT e em Julho reconheceu-o formalmente como o governo da Líbia. Os "prémios" do negócio assomam.
E há ainda a questão crucial: como a Casa dos Saud vai lucrar por ter sido instrumental em estabelecer um regime amistoso na Líbia, possivelmente apimentado com notáveis Salafi. Uma das razões chave para o violento ataque saudita – o qual incluiu um voto falsificado na Liga Árabe – foi o rancor extremo entre Kadafi e o rei Abdullah desde os preparativos para guerra ao Iraque em 2002.
Nunca é demais enfatizar a hipocrisia cósmica de uma monarquia/teocracia medieval – a qual invadiu o Bahrain e reprimiu seus xiitas nativos – que saúda o que podia ser interpretado como um movimento pró-democracia na África do Norte.
Seja como for, é tempo de festa. Aguarda-se o Saudi Bin Laden Group para reconstruir tudo por toda a Líbia – eventualmente transformando o (saqueado) Bab al-Aziziyah num monstruoso e luxuoso Centro Comercial Tripolitania.
[*] Autor de 21 O Século Da Ásia (Nimble Books, 2009), Globalistan: How the Globalized World is Dissolving into Liquid War (Nimble Books, 2007) e Red Zone Blues: a snapshot of Baghdad during the surge . Seu último livro é Obama does Globalistan (Nimble Books, 2009). Email: pepeasia@yahoo.com . Para acompanhar o seu artigos sobre a Grande Revolta Árabe, clique aqui .
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
O artigo que se segue é bem ilucidativo .
O capitalismo do desastre lança-se sobre a Líbia
por Pepe Escobar [*]
Pense na nova Líbia como o capítulo mais recente da série "Capitalismo do desastre". Ao invés de armas de destruição em massa, temos a R2P ("responsibility to protect"). Ao invés de conservadores, temos imperialistas humanitários.
Mas o objectivo é o mesmo: mudança de regime. E o projecto é o mesmo: desmantelar e privatizar completamente uma nação que não estava integrada no turbo-capitalismo; abrir uma outra (lucrativa) terra de oportunidade para o neoliberalismo com turbo-propulsor. A coisa toda é especialmente conveniente porque é um empurrão em meio a uma recessão quase global.
Levará algum tempo; o petróleo líbio não retornará totalmente ao mercado nos próximos 18 meses. Mas há a reconstrução de tudo o que a NATO bombardeou (bem, não muito do que o Pentágono bombardeou em 2003 foi reconstruído no Iraque...)
Seja como for – desde o petróleo à reconstrução – em tese assomam oportunidades de negócio sumarentas. O neo-napoleonico Nicolas Sarkozy, da França, e o britânico David da Arábia Cameron acreditam que estarão especialmente bem posicionados para lucrar com a vitória da NATO. Mas não há garantia que a nova fonte de riqueza líbia seja suficiente para erguer as duas antigas potências coloniais (neo-coloniais?) acima da recessão.
O presidente Sarkozy em particular extrairá as oportunidades de negócios para companhias francesas por tudo que elas valem – parte da sua ambiciosa agenda de "reposicionamento estratégico" da França no mundo árabe. Os complacentes media franceses exultantes dizem que esta foi a "sua" guerra – fiando-se em que ele decidiu armas os rebeldes no terreno com armamento francês, em estreita cooperação com o Qatar, incluindo uma unidade de comando chave rebelde que foi [enviada] por mar de Misrata para Tripoli no sábado passado, no princípio da "Operação Sirene".
Bem, ele certamente viu a oportunidade quando o chefe do protocolo de Muamar Kadafi desertou para Paris em Outubro de 2010. Foi quando o drama da mudança total de regime começou a ser incubado.
Bombas por petróleo
Como observado anteriormente (ver Welcome to Libya's 'democracy' , Asia Times Online, August 24) os abutres já estão a circular sobre Tripoli para agarrar (e monopolizar) os despojos. E, sim, a maior parte da acção tem a ver com negócios de petróleo, como se verifica nesta clara afirmação de Abdeljalil Mayouf, gestor de informação na "rebelde" Arabian Gulf Oil Company: "Nós não temos problemas com países ocidentais como as companhias italianas, francesas e britânicas. Mas podemos ter algumas questões políticas com a Rússia, a China e o Brasil".
Estes três acontece serem membros cruciais do grupo BRICS de economias emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), as quais estão realmente a crescer enquanto as economias atlantistas que fazem os bombardeamentos da NATO estão ou encravadas na estagnação ou em recessão. Acontece que os quatro principais BRICS também se abstiveram de aprovar a resolução 1973 do Conselho de Segurança da ONU, a fraude da zona de interdição de voo (no-fly) que se metamorfoseou na mudança de regime conduzida pela NATO. Eles viram correctamente desde o princípio.
Para tornar as coisas piores (para eles), apenas três dias antes de o Africom do Pentágono lançava seus primeiros 150 Tomahawks sobre a Líbia, o coronel Kadafi deu uma entrevista à TV alemã enfatizando que se o país fosse atacado, todos os contratos de energia seriam transferidos para companhias russas, indianas e chinesas.
Assim, os vencedores da mina petrolífera já estão designados: membros da NATO mais monarquias árabes. Dentre as companhias envolvidas, a British Petroleum (BP), a Total da França e a companhia nacional de petróleo do Qatar. Para o Qatar – o qual despachou caças a jacto e recrutadores para as linhas de frente, treinou "rebeldes" em técnicas de combate exaustivas e já administra vendas de petróleo na Líbia oriental – a guerra revelar-se-á uma decisão de investimento muito sábia.
Antes dos longos meses de crise que agora está na sua etapa final com os rebeldes na capital, Tripoli, a Líbia estava a produzir 1,6 milhão de barris por dia. Uma vez retomada a produção os novos dominadores de Tripoli colheriam uns US$50 mil milhões por ano. A maior parte das estimativas estabelece as reservas de petróleo da Líbia em 46,4 mil milhões de barris.
Os "rebeldes" da nova Líbia é melhor não se meterem com a China. Cinco meses atrás, a política oficial da China já era apelar a um cessar-fogo. Se isto tivesse acontecido, Kadafi ainda controlaria mais da metade da Líbia. Mas Pequim – que nunca foi adepta de mudanças de regime violentas – por enquanto está a exercer extrema contenção.
WenZhongliang, o vice-ministro do Comércio, observou deliberadamente: "A Líbia continuará a proteger os interesses e direitos de investidores chineses e esperamos continuar o investimento e a cooperação económica". Numerosas declarações oficiais estão a enfatizar a "cooperação económica mútua".
Na semana passada, Abdel Hafiz Ghoga, vice-presidente do duvidoso Conselho Nacional de Transição (CNT), disse à [agência] Xinhua que todos os negócios e contratos efectuados com o regime Kadafi seriam honrados – mas Pequim não quer correr riscos.
A Líbia forneceu mais de 3% das importações de petróleo da China em 2010. Angola é um fornecedor muito mais crucial. Mas a China ainda é o principal cliente da Líbia na Ásia. Além disso, a China poderia ser muito útil quanto à reconstrução da infraestrutura, o na exportação de tecnologia – não menos de 75 companhias chinesas com 36 mil empregados estavam já no terreno antes de estalar a guerra tribal/civil, rapidamente evacuados em menos de três dias.
Os russos – da Gazprom à Tafnet – tinham milhares de milhões de dólares investidos em projectos líbios, a petrolífera gigante brasileira Petrobrás e a companhia de construção Odebrecht também têm interesses ali. Ainda não está claro que lhes acontecerá. O director-geral do Russia-Libya Business Council, Aram Shegunts, está extremamente preocupado: "Nossas companhias perderão tudo porque a NATO as impedirá de fazerem negócios na Líbia".
A Itália parece ter aprovado a versão "rebelde" do "você ou está connosco ou sem nós". O gigante da energia ENI aparentemente não será afectado, pois o primeiro-ministro Silvio "Bunga Bunga" Berlusconi pragmaticamente jogou fora o seu anterior relacionamento muito estreito com Kadfi, no princípio da profusão de bombardeamentos Africom/NATO.
Directores da ENI estão confiantes em que os fluxos de petróleo e gás da Líbia para o Sul da Itália serão retomados antes do Inverno. E o embaixador líbio na Itália, Hafed Gaddur, reassegurou Roma de que todos os contratos da era Kadafi serão honrados. Por via das dúvidas, Berlusconi encontrará o primeiro-ministro do CNT, Mahmoud Jibril, nesta quinta-feira em Milão.
Bin Laden
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia, Ahmet Davutoglu – da conhecida política "zero problemas com nossos vizinhos" – também tem estado a louvar os antigos "rebeldes" transformados em detentores do poder. Observando também as possibilidades de negócios pós Kadafi, Ancara – como flanco oriental da NATO – acabou por ajudar a impor um bloqueio naval ao regime de Kadafi, cultivou cuidadosamente o CNT e em Julho reconheceu-o formalmente como o governo da Líbia. Os "prémios" do negócio assomam.
E há ainda a questão crucial: como a Casa dos Saud vai lucrar por ter sido instrumental em estabelecer um regime amistoso na Líbia, possivelmente apimentado com notáveis Salafi. Uma das razões chave para o violento ataque saudita – o qual incluiu um voto falsificado na Liga Árabe – foi o rancor extremo entre Kadafi e o rei Abdullah desde os preparativos para guerra ao Iraque em 2002.
Nunca é demais enfatizar a hipocrisia cósmica de uma monarquia/teocracia medieval – a qual invadiu o Bahrain e reprimiu seus xiitas nativos – que saúda o que podia ser interpretado como um movimento pró-democracia na África do Norte.
Seja como for, é tempo de festa. Aguarda-se o Saudi Bin Laden Group para reconstruir tudo por toda a Líbia – eventualmente transformando o (saqueado) Bab al-Aziziyah num monstruoso e luxuoso Centro Comercial Tripolitania.
[*] Autor de 21 O Século Da Ásia (Nimble Books, 2009), Globalistan: How the Globalized World is Dissolving into Liquid War (Nimble Books, 2007) e Red Zone Blues: a snapshot of Baghdad during the surge . Seu último livro é Obama does Globalistan (Nimble Books, 2009). Email: pepeasia@yahoo.com . Para acompanhar o seu artigos sobre a Grande Revolta Árabe, clique aqui .
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quarta-feira, 27 de julho de 2011
Gil Scott-Heron -A Revolução não morre
Recentemente falecido, Gil Scott-Heron continua presente com a sua voz vibrante. A sua música e poemas são um incentivo ao combate social que está presente nas vidas dos povos do mundo.
terça-feira, 26 de julho de 2011
FMI dita novos aumentos de transportes
Quadro comparativo por operadora
Em tempo de férias o governo age cobardemente fazendo aprovar um despacho normativo consistente num aumento dos transportes públicos já a partir de 1 de Agosto. Este novo aumento dos transportes públicos vem na sequência de outras medidas penalizadoras para o contribuinte ditadas pelo FMI, agravando ainda mais as já difíceis condições económicas do povo trabalhador.
Tal medida suscitou, desde logo, inúmeros protestos que se têm feito ouvir, com tendência a subirem de tom.
Segue um dos comunicados, entretanto divulgado pelo "Círculo Revolucionário"
Em tempo de férias o governo age cobardemente fazendo aprovar um despacho normativo consistente num aumento dos transportes públicos já a partir de 1 de Agosto. Este novo aumento dos transportes públicos vem na sequência de outras medidas penalizadoras para o contribuinte ditadas pelo FMI, agravando ainda mais as já difíceis condições económicas do povo trabalhador.
Tal medida suscitou, desde logo, inúmeros protestos que se têm feito ouvir, com tendência a subirem de tom.
Segue um dos comunicados, entretanto divulgado pelo "Círculo Revolucionário"
quarta-feira, 13 de julho de 2011
Abaixo o capitalismo !
03 de Maio de 2011 |
Escrita em estilo sóbrio, a obra analisa o mundo depois da crise econômica e a tendência de muitos governos de intervir, por meio de financiamento das dívidas dos bancos e das grandes instituições financeiras, para evitar aquilo que apenas há poucos anos parecia a trama de um filme de ficção sobre o colapso do capitalismo. Mas o autor procura distanciar-se das posições teóricas de muitos estudiosos marxistas, que sempre viram o neoliberalismo como um parêntese que, eventualmente, seria substituído por uma realidade social e política mais consentânea com as leis económicas, dando pouco espaço para os rentistas que enriqueceram com as loucuras especulativas das últimas décadas. Para Zizek, ao contrário, o neoliberalismo, tem sido uma adequada contra-revolução que cancelou a constituição material e formal surgida após a II Guerra Mundial, quando o capitalismo era sinónimo de democracia representativa. No início do terceiro milénio, a contra-revolução terminou, abrindo espaço para uma política radical que Zizek, em sintonia com o filósofo francês Alain Badiou, chama enfáticamente de "hipótese comunista". O filósofo esloveno não fecha, porém os olhos para o fato de que os sinais provenientes de toda a Europa apontam para a ascensão de uma direita populista, que conquista consensos onde os partidos social-democratas eram tradicionalmente fortes – como na Holanda, na Noruega, na Suécia. E também era irónico que com os democratas e norte-americanos radicais, que, "nos Estados Unidos, depois de haver saudado a eleição de Obama para a Casa Branca como um evento divino, agora deleitam-se em discutir se é politicamente mais incisivo Avatar, de James Cameron, ou Guerra ao Terror, de Kathryn Bigelow". Eis a entrevista: Em um artigo seu, o senhor lançou farpas contra Avatar, definindo-o como um filme apolítico. No entanto, no filme de Cameron, há fortes referências tanto à guerra do Iraque quanto à destruição da floresta amazônica: em ambos os casos, os vilões são as multinacionais... Slavoj Zizek: O filme de James Cameron é agradável, divertido, uma obra inovadora do ponto de vista do uso das tecnologias digitais. Mas aqueles que sustentam que os críticos radicais nos Estados Unidos são uma espécie de ala marxista de Hollywood não me convencem. Eles escreveram que Avatar retrata a luta de classes e a luta dos pobres contra os ricos, com o fim de auto-determinarem sua vida. Há um planeta, Pandora, que é invadido por uma tropa de mercenários a soldo de multinacionais. O objetivo é depredar seus recursos naturais, colocando, assim, em perigo o milenário equilíbrio que os seres vivos estabeleceram com o luxuriante ecossistema. Podemos estabelecer certa analogia com o que as multinacionais e os países imperialistas fazem com a floresta amazônica, com o Iraque ou com toda aquela realidade onde estão as fontes energéticas e as matérias primas fundamentais para a produção de riqueza. No filme, os aborígenes de Pandora, em nome de uma visão holística de relação com a natureza, opõem-se ao capitalismo, vencendo, no final, sua batalha. Mas a natureza é um produto cultural que muda com a mudança das relações sociais. Os seres sempre retiraram da natureza os meios para viver e se reproduzir como espécie. Mas ao fazê-lo, transformaram a natureza. Não é, portanto, retornando a uma idade de ouro idealizada, como sugere James Cameron, que se pode derrotar o capitalismo. Avatar é pura fantasia, fascinante por certo, mas sempre fantasia. O senhor tem frequentemente sublinhado que o populismo seja uma doença do Político. Não lhe parece que o populismo, mais que uma doença, seja a forma política que, melhor do que as outras, se adapta ao capitalismo contemporâneo? Slavoj Zizek: Até alguns anos atrás, afirmava-se que o capitalismo era sinônimo de democracia na sua forma liberal, fundada sobre a tolerância, o multiculturalismo e o politicamente correto. Agora, ao contrário, assistimos às forças ou aos líderes políticos que invocam a mobilização do povo para combater os inimigos do estilo de vida moderno. O filósofo argentino Ernesto Laclau analisou a fundo a lógica do populismo, sustentando que existe uma variante de esquerda e uma variante de direita. A tarefa do pensamento crítico consistiria em evitar a derivação de direita. Não estou de acordo com essa posição. Em primeiro lugar, o populismo é sempre de direita. Além disso, o povo, como a natureza, é uma invenção. Laclau acredita que para fazê-lo tornar-se realidade deve-se imaginar um universal que contenha e supere as diferenças dentro dele. Daí a necessidade de identificar um inimigo que impede a formação do povo. Não é uma coincidência, então, que a forma acabada de populismo seja o anti-semitismo, porque indica um inimigo que vive entre nós. O mesmo fazem os populistas contemporâneos quando indicam os migrantes como a quinta-coluna entre nós. De acordo com o senhor, o populismo dirigirá o conflito contra inimigos de conveniência, para esconder o sistema de exploração do capitalismo. Isso quer dizer que esta tendência ocupa um espaço político abandonado, por exemplo, pela esquerda. Como recuperar esse espaço? Slavoj Zizek: Walter Benjamin escreveu que o fascismo emerge de onde uma revolução foi derrotada. Um conceito que, aplicado à realidade contemporânea, explica o fato de o populismo emergir quando a hipótese comunista, que não coincide com o socialismo real, é retirada da discussão pública. Entretanto, no tolerante capitalismo contemporâneo assistimos à campanha mediática contra os migrantes, porque atentam contra nossa segurança. Ou ficamos atordoados com intelectuais que, como Bernard Henri-Levy, debatem longamente sobre a superioridade da civilização ocidental e sobre o perigo representado pelo fundamentalismo islâmico, qualificado como islamo-facismo. Creio, todavia, que há fortes pontos de contato entre a ideologia liberal e o populismo: ambos são pensamentos políticos que levam em conta o estilo de vida capitalista ocidental como o único mundo possível. Os liberais, em nome da superioridade da democracia, os populistas em nome do único estilo de vida que as pessoas se dão. Há também diferenças. Os liberais estão impondo, mesmo com as armas, a democracia e a tolerância entre quem não é democrático nem tolerante. Os populistas desejam, ao contrário, aniquilar de modo suave de polícia étnica as diversidades culturais, sociais, de estilo de vida. O populismo é, portanto, uma das formas políticas do capitalismo global, mas não a única. Silvio Berlusconi, frequentemente julgado como um comediante ou um personagem de opereta, é, ao contrário, um líder político para ser estudado com atenção, porque pretende conjugar a democracia liberal com o populismo. O primeiro ministro italiano está, todavia, acelerando uma tendência presente em todos os sistemas políticos democráticos. A sua obra visa modificar o equilíbrio dos poderes – executivo, legislativo, judiciário – para benefício do executivo, de modo tal que o executivo englobe o legislativo e o judiciário, mas sem cancelar os direitos civis e políticos. As eleições são consideradas como uma sondagem sobre a obra do executivo. Se Berlusconi perde, invoca em seguida a soberania popular representada por ele. A forma política que propõe é, sim, uma mescla entre democracia e populismo, se bem que a sua ideia de democracia seja uma democracia pós-constitucional que faz da invenção do povo o seu traço distintivo. Tudo isso faz com que a Itália, mais que um país atípico, seja um laboratório inquietante onde se desenvolveu uma democracia pós-constitucional. Desse ponto de vista, em Itália está-se construindo o futuro dos sistemas políticos ocidentais... O que você quer dizer com pós-constitucional? Slavoj Zizek: Uma democracia que elimina a antiga divisão e equilíbrio entre os poderes executivo, legislativo e judiciário. Equilíbrio dos poderes definido por todas as constituições europeias e pelo Bill of Rights dos Estados Unidos... Na Europa, tudo isso é chamado pós-democracia. Claro, Sílvio Berlusconi deseja superar a democracia representativa que conhecemos no capitalismo. Por isso é um líder político mais que nenhum outro. Acho que o presidente Nicolas Sakozy tem uma visão muito mais clara do que aquela posta em jogo no capitalismo. Isso quer dizer que é mais perigoso do que os outros expoentes da direita europeia ou estadunidense. Não nos encontramos, portanto, em frente a um personagem de opereta, que vai às mulheres e promulga leis. A tragédia apresenta sempre momentos de opereta. Mas há tragédia quando se manifestam conflitos radicais, onde não há possibilidade nem de mediação nem de salvação. Será, por isso, interessante ver como evoluirá a situação italiana, que não representa — e sobre isso, estou de acordo contigo — uma anomalia, mas um laboratório político cuja existência condicionará muitíssimo o futuro político da Europa. Na Holanda, na Suécia, na Noruega, na Dinamarca, na França, na Inglaterra há, de fato, forças políticas populistas que recolhem sempre mais consensos eleitorais graças às campanhas anti-migratórias que conduzem, mas não têm aquele radicalismo que apresenta a situação italiana. Dito isso, não é preciso, no entanto, desenvolver uma visão apocalíptica da realidade. É claro: há uma guerra civil rastejante na sociedade capitalista. A inquietação ambiental atingiu os níveis de vigilância. A democracia é reduzida a um simulacro. Ainda assim, nem tudo está perdido. Pelo contrário. Como demonstra a recente crise econômica, quando tudo parece perdido, abre-se espaço para uma ação política radical, que eu chamo de comunista. Peguemos o recente encontro sobre ambiente realizado no ano passado em Copenhague. O resultado final, mais que um êxito decepcionante, foi um desastre político. Há propostas, derrotadas nos trabalhos da cúpula, que indicam na salvaguarda do ambiente uma das prioridades para salvar o capitalismo. Podemos pensar em uma aliança tática com quem o carrega avante. A crise econômica, além disso, exigiu uma intervenção do Estado para salvar da bancarrota empresas, bancos e sociedades financeiras. Mas isso significou que o tabu sobre a periculosidade da intervenção reguladora do Estado foi quebrada. Isso pode reforçar os socialistas — isto é, aqueles que apontam para uma redistribuição de renda e de poder. Não é a política que eu amo, mas abre espaço a propostas mais radicais. Em outras palavras, volta forte a ideia comunista de transformar a realidade. O que proponho não é um mero exercício de otimismo da razão, mas a consciência de que há forças e relações sociais que podem ser liberadas a partir da camisa de força do capitalismo. Toni Negri e Michael Hardt acham que enfatizando as características do capitalismo pós-moderno criam-se condições para o governo da comuna — isto é, do comunismo – graças àquilo que definiu a virtude prometeica da multidão. Mais realisticamente, acho que devemos organizar as forças sociais oprimidas para uma ação praticável no presente e no futuro imediato. O senhor escreve, em sintonia com Alain Badiou, que o comunismo é uma ideia eterna. Uma política "comunista" deve, todavia, ancorar-se numa análise das relações sociais de produção e das formas que ela assume em uma contingência histórica. Pode-se estar de acordo ou em discordância com a tese de Negri e Hardt sobre o capitalismo cognitivo, mas seus escritos assinalam exatamente essa necessidade. Caso contrário, o comunismo torna-se uma teologia política, não acha? Slavoj Zizek: Não acredito, como Hardt e Negri, que com o desenvolvimento capitalista a forças produtivas, mais cedo ou mais tarde, entrem em rota de colisão com as relações sociais de produção. Precisamos agir politicamente para que isso aconteça. É esse o legado de Lenin que não pode mais ser apagado. Mas deixemos fora os textos sagrados e olhemos o capitalismo real. Existe certamente uma setor de força-trabalho cognitiva, mas que também continua a trabalhar em fábrica e que, como os migrantes, é reduzida a uma condição de submissão servil no processo laboral. Para não jogar no lixo da história esses "excluídos", ou "marginais", é preciso uma forte imaginação política, capaz de recompor e unir as diferentes setores da força-trabalho. A teologia é sempre fascinante, mas, quando digo que a ideia comunista é eterna, refiro-me ao fato de que é uma constante na história humana a tensão de superar a condição de escravidão e exploração. Por isso, o comunismo volta sempre, mesmo quando tudo previa que fosse permanecer definitivamente sepultado sob os escombros do socialismo real. Nota: 1 A entrevista foi feita por ocasião do lançamento da edição italiana do livro, em abril de 2010. e publicada em Il Manifesto Tradução do espanhol para o português a partir do site Rosa Blindada por Anete Amorim Pezzini Fonte: Outras Palavras |
segunda-feira, 11 de julho de 2011
quarta-feira, 29 de junho de 2011
Grécia - Aprovado novo plano de austeridade
O parlamento grego correspondendo aos interesses do FMI e o grande capital alemão, aprovou hoje mais um vasto pacote de austeridade acente no aumento de impostos e nova vaga de privatizações. Seguindo as directrizes dos amos da europa central, o governo do partido socialista grego propõe-se arrecadar até 2015 um valor avaliado em 28,4 mil milhões em cortes a fazer, mais 50 mil milhões em privatizações a angariar .
Enquanto o parlamento aprovava estas medidas criminosas contra o povo grego, as ruas eram palco de inúmeras manifestações de revolta gerando-se confrontos de grande intensidade contra os vastos contigentes policiais que defendiam nomeadamente o parlamento, concentransdo aí mais de 5 mil efectivos o que diz bem do temor que esta gente tem do povo. As cargas policiais, os gases lacrimogéneos provocaram largas dezenas de feridos e presos entre os populares gregos que vieram para a rua mostrar a sua mais viva indignação não cedendo à chantagem e à ameaça, levaram assim por diante o segundo dia de greve geral .
A Grécia é um espelho para o nosso país, saibamos estar atentos. Solidariedade com a luta do povo grego.
Enquanto o parlamento aprovava estas medidas criminosas contra o povo grego, as ruas eram palco de inúmeras manifestações de revolta gerando-se confrontos de grande intensidade contra os vastos contigentes policiais que defendiam nomeadamente o parlamento, concentransdo aí mais de 5 mil efectivos o que diz bem do temor que esta gente tem do povo. As cargas policiais, os gases lacrimogéneos provocaram largas dezenas de feridos e presos entre os populares gregos que vieram para a rua mostrar a sua mais viva indignação não cedendo à chantagem e à ameaça, levaram assim por diante o segundo dia de greve geral .
A Grécia é um espelho para o nosso país, saibamos estar atentos. Solidariedade com a luta do povo grego.
terça-feira, 28 de junho de 2011
Grécia em GREVE GERAL
Só este ano a Grécia vai na sua quarta Greve Geral contra o plano de austeridade.
Uma greve geral que está a fazer-se sentir por toda a Grécia, paralizando sectores de actividade essenciais como a energia, o tráfego aéreo e transportes colectivos. Esta greve é mais uma resposta dos trabalhadores gregos á política de austeridade em discussão no parlamento. Política de cedências atrás de cedências ao capitalismo alemão que a troco de uma pseudo ajuda agrava ainda mais as condições de vida do povo grego, que se vê ainda mais espoliado e vergado pela carga tributária que o parlamento pretende aprovar.
Toda a solidariedade ao povo grego em luta !
Uma greve geral que está a fazer-se sentir por toda a Grécia, paralizando sectores de actividade essenciais como a energia, o tráfego aéreo e transportes colectivos. Esta greve é mais uma resposta dos trabalhadores gregos á política de austeridade em discussão no parlamento. Política de cedências atrás de cedências ao capitalismo alemão que a troco de uma pseudo ajuda agrava ainda mais as condições de vida do povo grego, que se vê ainda mais espoliado e vergado pela carga tributária que o parlamento pretende aprovar.
Toda a solidariedade ao povo grego em luta !
sábado, 25 de junho de 2011
Greve de 48 horas na Grécia
Resposta às novas intimidações do governo e da UE
por KKE Depois de uma discussão de três dias no Parlamento o governo recauchutado obteve 3ª. feira 23 de Junho um voto de confiança com os votos dos deputados do PASOK. Ou seja, 155 membros de Parlamento no total de 298 que tomou parte na votação deu um voto de confiança ao governo ao passo 143 votaram contra.
A secretária-geral do CC do KKE, Aleka Papariga, denunciou o dilema intimidante colocado ao povo trabalhador gregos pela UE e pelo governo.
"O ultimato da UE, da Eurozona, não é dirigido ao governo grego, o qual já o aceitou há muito, mas sim ao povo grego. Ela diz: baixem suas cabeça, se não concordarem não obterão a quinta prestação".
Aleka Papariga afirmou: "Nós consideramos que o povo grego deve dar o seu próprio ultimato. Isto é a melhor coisa que pode fazer. Não pode haver qualquer negociação radical na estrutura da UE. Também há partidos da oposição que fazem tais sugestões ao governo. Isto é ou uma chamada solução fácil ou uma posição que ignora o carácter da UE. Eu ao invés direi que isto é uma ignorância deliberada do verdadeiro carácter desta aliança predatória, como nós a chamamos, ainda que isto seja uma frase suave dada a situação actual".
"Assim, o povo grego deve dar o seu próprio ultimato. Podíamos notar que a UE, o governo do ND e do PASOK, a burguesia grega – todos os seus sectores, industriais, proprietários de navios, banqueiros, comerciantes, etc – devem ao povo grego", acrescentou
Da tribuna do parlamento a secretária-geral do KKE apelou aos trabalhadores para ignorarem os dilemas de intimidação e tomarem parte activa na luta: "agora que o povo abre os seus olhos e temem o despertar da consciência – porque também há o medo da demissão – o KKE promove mais intensamente a posição de que o povo deve tomar nas suas próprias mãos a propriedade dos meios de produção bem como os recursos naturais.
As forças com orientação de classe congregadas no PAME apelam a uma greve de 48 horas logo que o governo traga ao Parlamento o novo pacote de medidas anti-populares.
22/Junho/2011
O original encontra-se em http://inter.kke.gr/News/news2011/2011-06-22-info
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
por KKE Depois de uma discussão de três dias no Parlamento o governo recauchutado obteve 3ª. feira 23 de Junho um voto de confiança com os votos dos deputados do PASOK. Ou seja, 155 membros de Parlamento no total de 298 que tomou parte na votação deu um voto de confiança ao governo ao passo 143 votaram contra.
A secretária-geral do CC do KKE, Aleka Papariga, denunciou o dilema intimidante colocado ao povo trabalhador gregos pela UE e pelo governo.
"O ultimato da UE, da Eurozona, não é dirigido ao governo grego, o qual já o aceitou há muito, mas sim ao povo grego. Ela diz: baixem suas cabeça, se não concordarem não obterão a quinta prestação".
Aleka Papariga afirmou: "Nós consideramos que o povo grego deve dar o seu próprio ultimato. Isto é a melhor coisa que pode fazer. Não pode haver qualquer negociação radical na estrutura da UE. Também há partidos da oposição que fazem tais sugestões ao governo. Isto é ou uma chamada solução fácil ou uma posição que ignora o carácter da UE. Eu ao invés direi que isto é uma ignorância deliberada do verdadeiro carácter desta aliança predatória, como nós a chamamos, ainda que isto seja uma frase suave dada a situação actual".
"Assim, o povo grego deve dar o seu próprio ultimato. Podíamos notar que a UE, o governo do ND e do PASOK, a burguesia grega – todos os seus sectores, industriais, proprietários de navios, banqueiros, comerciantes, etc – devem ao povo grego", acrescentou
Da tribuna do parlamento a secretária-geral do KKE apelou aos trabalhadores para ignorarem os dilemas de intimidação e tomarem parte activa na luta: "agora que o povo abre os seus olhos e temem o despertar da consciência – porque também há o medo da demissão – o KKE promove mais intensamente a posição de que o povo deve tomar nas suas próprias mãos a propriedade dos meios de produção bem como os recursos naturais.
As forças com orientação de classe congregadas no PAME apelam a uma greve de 48 horas logo que o governo traga ao Parlamento o novo pacote de medidas anti-populares.
22/Junho/2011
O original encontra-se em http://inter.kke.gr/News/news2011/2011-06-22-info
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
sábado, 18 de junho de 2011
Manifestação Internacional
Os ventos de revolta atravessaram o Mar Mediterrâneo e fazem-se sentir na Europa do Sul: Portugal, Espanha,Grécia... um só combate, queremos as nossas vidas, basta de subjugação ao capitalismo selvagem.
A Manifestação de amanhã é mais um passo neste vasto combate que nos espera.
Compareçam e passem a palavra, a hora é de luta .
Os manifestantes, reunidos na Praça do Rossio, conscientes de que esta é uma acção em marcha e de resistência, acordaram declarar o seguinte:
Nós, cidadãos e cidadãs, mulheres e homens, trabalhadoras, migrantes, estudantes, pessoas desempregadas,reformadas, unidas pela indignação perante a situação política e social sufocante que nos recusamos a aceitar como inevitável, ocupámos as nossas ruas. Juntamo-nos assim àqueles que pelo mundo fora lutam hoje pelos seus direitos frente à opressão constante do sistema económico financeiro vigente. Não somos contra a política mas não representamos nenhum partido ou sindicato.
De Reiquiavique ao Cairo, de Wisconsin a Madrid, uma onda popular varre o mundo. Sobre ela, o silêncio e a desinformação da comunicação social, que não questiona as injustiças permanentes em todos os países,mas apenas proclama serem inevitáveis a austeridade, o fim dos direitos,o funeral da democracia.
A democracia real não existirá enquanto o mundo for gerido por uma ditadura financeira. O resgate assinado nas nossas costas com o FMI e UE sequestrou a democracia e as nossas vidas. Nos países em que intervém por todo o mundo, o FMI leva a quedas brutais da esperançamédia de vida. O FMI mata! Só podemos rejeitá-lo. Rejeitamos que noscortem salários, pensões e apoios, enquanto os culpados desta crise sãopoupados e recapitalizados. Porque é que temos de escolher viver entre
desemprego e precariedade? Porque é que nos querem tirar os serviços públicos, roubando-nos, através de privatizações, aquilo que pagámos a vida toda? Respondemos que não. Defendemos a retirada do plano da troika. A exemplo de outros países pelo mundo fora, como a Islândia,não aceitaremos hipotecar o presente e o futuro por uma dívida que não é nossa.
Recusamos aceitar o roubo de horizontes para o nosso futuro.
Pretendemos assumir o controlo das nossas vidas e intervir efectivamente em todos os processos da vida política, social e económica. Estamos a fazê-lo, hoje, nas assembleias populares reunidas.
Apelamos a todas as pessoas que se juntem, nas ruas, nas praças, em cada esquina, sob a sombra de cada estátua, para que, unidas e unidos, possamos mudar de vez as regras viciadas deste jogo.
Isto é só o início. As ruas são nossas.
Lisboa, 22 de Maio 2011
A Manifestação de amanhã é mais um passo neste vasto combate que nos espera.
Compareçam e passem a palavra, a hora é de luta .
Os manifestantes, reunidos na Praça do Rossio, conscientes de que esta é uma acção em marcha e de resistência, acordaram declarar o seguinte:
Nós, cidadãos e cidadãs, mulheres e homens, trabalhadoras, migrantes, estudantes, pessoas desempregadas,reformadas, unidas pela indignação perante a situação política e social sufocante que nos recusamos a aceitar como inevitável, ocupámos as nossas ruas. Juntamo-nos assim àqueles que pelo mundo fora lutam hoje pelos seus direitos frente à opressão constante do sistema económico financeiro vigente. Não somos contra a política mas não representamos nenhum partido ou sindicato.
De Reiquiavique ao Cairo, de Wisconsin a Madrid, uma onda popular varre o mundo. Sobre ela, o silêncio e a desinformação da comunicação social, que não questiona as injustiças permanentes em todos os países,mas apenas proclama serem inevitáveis a austeridade, o fim dos direitos,o funeral da democracia.
A democracia real não existirá enquanto o mundo for gerido por uma ditadura financeira. O resgate assinado nas nossas costas com o FMI e UE sequestrou a democracia e as nossas vidas. Nos países em que intervém por todo o mundo, o FMI leva a quedas brutais da esperançamédia de vida. O FMI mata! Só podemos rejeitá-lo. Rejeitamos que noscortem salários, pensões e apoios, enquanto os culpados desta crise sãopoupados e recapitalizados. Porque é que temos de escolher viver entre
desemprego e precariedade? Porque é que nos querem tirar os serviços públicos, roubando-nos, através de privatizações, aquilo que pagámos a vida toda? Respondemos que não. Defendemos a retirada do plano da troika. A exemplo de outros países pelo mundo fora, como a Islândia,não aceitaremos hipotecar o presente e o futuro por uma dívida que não é nossa.
Recusamos aceitar o roubo de horizontes para o nosso futuro.
Pretendemos assumir o controlo das nossas vidas e intervir efectivamente em todos os processos da vida política, social e económica. Estamos a fazê-lo, hoje, nas assembleias populares reunidas.
Apelamos a todas as pessoas que se juntem, nas ruas, nas praças, em cada esquina, sob a sombra de cada estátua, para que, unidas e unidos, possamos mudar de vez as regras viciadas deste jogo.
Isto é só o início. As ruas são nossas.
Lisboa, 22 de Maio 2011
quinta-feira, 2 de junho de 2011
CONTRA A VIOLÊNCIA POLICIAL
A violência policial é uma constante, não fosse a polícia a guarda pretoriana do sistema e dos seu governos. Desde a sua existência os seus ataques tem sempre como alvo os trabalhadores,os desprotegidos e todos aqueles que se levantem em luta e ponham a nu o caracter explorador desta sociedade.
De passagem referimos a campanha de branqueamento dos crimes da GNR, força policial herdada a partir da monarquia, no seu largo historial, 100 anos. Referimos, logo no ano em que se formou este corpo policial provocou a morte de 2 operários conserveiros em Setúbal. Catarina Eufémia, assalariada rural foi assassinada em Baleizão em pleno fascismo , Caravela e Casquinha, assalariados rurais assassinados aquando da repressão da reforma agrária. Estes alguns nomes entre muitos mortos provocados por esta força policial obscurantista que se pinta agora de cores humanistas , utilizando os dinheiros públicos numa campanha que esconde todo o seu passado tenebroso.
A PSP, polícia utilizada mais nas zonas urbanas, não fica nada atrás, os casos recentes são bem reveladores: coleccionam-se assassinatos, ou seja a polícia portuguesa pratica a pena de morte sem que tal esteja consignado nas leis que regem o país. A repressão sobre os trabalhadores, os actos diários de racismo e arrogância policial levam-nos a questionar que tipo de regime está vigente neste país.
Não podemos pactuar com uma sociedade cujas instituições são cúmplices muitas das vezes.
Reflectir, discutir conjuntamente, são passos importantes para por fim ao clima de medo.
De passagem referimos a campanha de branqueamento dos crimes da GNR, força policial herdada a partir da monarquia, no seu largo historial, 100 anos. Referimos, logo no ano em que se formou este corpo policial provocou a morte de 2 operários conserveiros em Setúbal. Catarina Eufémia, assalariada rural foi assassinada em Baleizão em pleno fascismo , Caravela e Casquinha, assalariados rurais assassinados aquando da repressão da reforma agrária. Estes alguns nomes entre muitos mortos provocados por esta força policial obscurantista que se pinta agora de cores humanistas , utilizando os dinheiros públicos numa campanha que esconde todo o seu passado tenebroso.
A PSP, polícia utilizada mais nas zonas urbanas, não fica nada atrás, os casos recentes são bem reveladores: coleccionam-se assassinatos, ou seja a polícia portuguesa pratica a pena de morte sem que tal esteja consignado nas leis que regem o país. A repressão sobre os trabalhadores, os actos diários de racismo e arrogância policial levam-nos a questionar que tipo de regime está vigente neste país.
Não podemos pactuar com uma sociedade cujas instituições são cúmplices muitas das vezes.
Reflectir, discutir conjuntamente, são passos importantes para por fim ao clima de medo.
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