por Marcelo Sepúlveda Araujo
Quando assassinaram Che Guevara a rebeldia latino-americana acabou? Pensam suprimir a dignidade de Nossa América assassinando Alfonso Cano? Esta é "a paz" do genocida Santos? O que dirão os hipócritas "estadistas" que o abraçam sorrindo, em nome do "realismo diplomático"?
Que Santos não se esqueça….
Depois da morte de Carlos Fonseca, principal líder e fundador da guerrilha da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), a insurgência da Nicarágua derrotou o vergonhoso regime de Somoza e triunfou a revolução.
O mesmo aconteceu no Vietnã, com a morte de Ho Chi Minh. Há poucos anos, militares e assessores ianques tiveram que se retirar do sudeste asiático com o rabinho entre as pernas, derrotados e humilhados, quando antes se sentiam amos e senhores do povo vietnamita.
Em numerosos países e sociedades, o assassinato dos líderes populares não impediu o triunfo da rebeldia organizada, quando esta contou com uma proposta estratégica de poder. É preciso aprender com a História.
Constitui pura ilusão, superficial, ignorante e banal, a crença da classe dominante colombiana (compartilhada por seus mestres gringos do norte) de que a morte de um líder guerrilheiro possa acabar com um processo de luta de massas que permanece ativo, com décadas de confrontação. Estão gravemente equivocados se pensam em submeter a insurgência pela via militar.
Porém, os relatos auto-legitimadores da classe dominante colombiana (e seus monopólios de informação que funcionam como correias de transmissão em suas operações de guerra psicológica) defendem essa lógica como verdade absoluta. Falam de si mesmos. Olham-se no espelho e se auto-convencem para aplacar seus medos.
Há poucos dias, uma multidão enorme de milhares e milhares de estudantes rebeldes colombianos tomou de assalto as principais cidades do país, em defesa da educação pública e gratuita. E o fizeram desafiando a polícia e outras forças anti-motim. O mesmo aconteceu com o movimento indígena e popular, que já começa a levantar-se, cada vez mais organizado.
A oligarquia aburguesada da Colômbia acredita que assassinando Alfonso Cano, principal líder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (FARC-EP) vai conseguir calar todo esse movimento popular de massas (de onde é parte a insurgência). Que ilusão! Quanta ingenuidade!
Sabemos bem quem é Santos. Conhecemos seu rosto cínico, lascivo, depravado e anormal, quando se deixou fotografar ao lado de outros cadáveres insurgentes. Só um perverso, um depravado pode festejar a morte dessa maneira e com esse tipo de sorriso. Mesmo a morte de inimigos. Vimos essas fotografias no passado, quando ele era ministro de Defesa. Nós o conhecemos bem. Bem até demais...
O que interessa aqui não é a opinião desse perverso, mas sim o estado de espírito dos povos e das massas populares, principalmente da juventude. Do povo colombiano e dos povos de Nossa América. Os povos sabem perfeitamente bem que, mesmo quando morreu Simón Bolívar, a luta, longe de apagar-se, continuou durante dois séculos. O mesmo ocorreu, anteriormente, com Tupác Amaru e Tupác Katari.
Quando assassinaram José Martí, Cuba continuou lutando até derrotar definitivamente os impérios que a subjugaram. Acabou a luta com a morte de Martí? Ninguém, exceto um ignorante (por mais dinheiro que tenha, continua sendo um ignorante), poderia acreditar que, com o cadáver de Martí, a luta do povo cubano tivesse acabado.
Poderíamos recorrer a cada um de nossos países, cada uma de nossas sociedades, cada uma de nossas histórias, e os exemplos se multiplicariam infinitamente.
"Triunfar ou servir a outras bandeiras. Até depois de mortos seremos úteis", previu Julio Antonio Mella, pouco antes de cair assassinado no México. E teve razão. O mesmo acontecerá com o companheiro, camarada e comandante Alfonso Cano, líder da insurgência colombiana. Podem fazer o que quiserem com o cadáver. Com o cadáver de Che Guevara cortaram as mãos e o enterraram num túmulo para indigentes. Assim pensavam terminar com o exemplo do Che! Podem manipular o corpo de Alfonso Cano. No entanto, com o exemplo de Alfonso, não poderão fazer nada.
E os presidentes da América Latina? Seguirão apertando a mão assassina deste personagem sinistro, deste empresário milionário que, como ministro de Defesa de Uribe, assassinou milhares de pessoas, jogando-as como se fossem animais em túmulos sem identificação; o maior cemitério de indigentes de todo o continente, superior aos das ditaduras militares do Chile, da Argentina, do Peru ou da Guatemala nos anos 70. Encontraram-se há pouco tempo na Colômbia 2.000 cadáveres, correspondentes aos assassinatos do período de Santos como ministro da Defesa.
Seguirão falando da "governabilidade" continental sem ficarem ruborizados? Continuarão entregando revolucionários ao carniceiro Santos, violando todo o direito internacional, com cara de feliz aniversário?
E os jornalistas? Poderão continuar escrevendo alegremente que na Colômbia existe "democracia"? Não será a hora de rebelarem-se contra esse controle militar da informação?
E os acadêmicos? Por que na hora de escrever e analisar as lutas e "novas experiências" de Nossa América mencionam unicamente Cuba, Venezuela e Bolívia (quando muito acrescentam o Equador)? Por que os acadêmicos se fazem de desentendidos com as lutas populares da Colômbia? Será talvez porque na Colômbia a luta armada continua se desenvolvendo e essa temática não está permitida no núcleo duro dos programas acadêmicos? Talvez analisar a luta armada da Colômbia se torne um obstáculo para o recebimento de bolsas de pesquisa e subsídios? Os acadêmicos começarão a incluir a Colômbia entre os estados que praticam políticas de Estado genocidas ou continuarão fazendo-se de desentendidos?
Em uma palavra: depois do assassinato do líder insurgente Alfonso Cano, quem poderá se fazer de ingênuo, dizendo que Santos é diferente de Uribe?
Apelamos aos jornalistas que acreditam sinceramente na liberdade de expressão, aos acadêmicos dignos que não se deixam humilhar, inclusive aos políticos que, mesmo sem compartilhar do projeto da guerrilha, não estão dispostos a se sujarem, apertando a mão sangrenta de Santos.
Que ninguém se engane. A luta segue. Aqui não terminou nada.
Em algum momento pagarão pelos seus crimes.
Anastasio Somoza também se sentia poderoso, soberbo e inexpugnável... Mesmo assim terminou.
05/Novembro/2011
O original encontra-se em http://www.rosa-blindada.info/?p=868
Declaração pública por FARC-EP
Ouvimos da oligarquia colombiana e seus generais o anúncio oficial da morte do Camarada e Comandante Alfonso Cano. Ainda ressoam suas alegres gargalhadas e seus brindes de entusiasmo. Todas as vozes do estabelecimento coincidem em que isso significa o final da luta guerrilheira na Colômbia.
A única realidade simbolizada pela queda em combate do camarada Alfonso Cano é a imortal resistência do povo colombiano, que prefere antes morrer do que viver de joelhos a mendigar. A história das lutas deste povo está repleta de mártires, de mulheres e de homens que jamais deram o seu braço a torcer na busca da igualdade e da justiça.
Não será esta a primeira vez que os oprimidos e explorados da Colômbia choram um dos seus grandes dirigentes. Nem tão pouco a primeira em que o substituirão com a coragem e a convicção absoluta na vitória. A paz na Colômbia não nascerá de nenhuma desmobilização guerrilheira e sim da abolição definitiva das causas que dão origem ao levantamento. Há uma política traçada e é essa que será continuada.
Morreu o Camarada e Comandante Alfonso Cano. Caiu o mais fervoroso convencido da necessidade da solução política e da paz. Viva a memória do comandante Alfonso Cano!
Secretariado do Estado Maior Central das FARC-EP
Montanhas da Colômbia, 5 de Novembro de 2011
O original encontra-se em http://anncol.info/...
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