quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Grécia- O referendo e a intensificação das manifestações anti-regime

Nestes últimos dias os desfiles escolares em toda Grécia convertem-se em manifestações contra o regime .

O feriado “nacional”e o desfile de caráter e inspiração fascista é obrigatório para todos os alunos dos seis cursos das escolas secundárias do país, assim como para seus professores. Apesar disso, em 28 de outubro, em muitas cidades de toda Grécia, os desfiles foram cancelados e converteram-se em manifestações, com muitos dos manifestantes a vaiarem e a insultarem a representanção do estado parasitário responsável pelo enfeudamento da Grécia ao grande capital europeu.

Em Atenas, o desfile escolar teve lugar na Avenida Amalia, em frente ao parlamento, na presença da ministra da educação, Diamantopulu. Durante o desfile muitos manifestantes fizeram ecoar palavras de ordem contra o governo e as medidas de austeridade; os alunos de várias escolas negaram-se a saudar a Ministra e restante comitiva a cumprir o ritual fascista. Outros manifestantes ao passarem junto à tribuna , viraram a cabeça para o outro lado da avenida, enquanto alguns optaram por agitar lenços negros. Os músicos da Banda Filarmônica de Atenas colocaram fitas de cor preta em seus instrumentos musicais. Assim, de maneira coletiva, responderam às ameaças da Câmara de Atenas, que havia ameaçado os músicos da banda municipal que demitiria qualquer um que aderisse ao ato de protesto.

Em Kalicea, bairro de Atenas, populares expulsaram os políticos da tribuna das comemorações e ocuparam os seus assentos.Exemplo seguido por outros bairros de Atenas e de outras cidades gregas .

Os protestos neste feriado nacional não tem precedentes na história moderna da Grécia.

Em Tessalônica, a repressão abateu-se sobre os cerca de 500 manifestantes que estavam alinhados frente à tribuna das comemorações. A polícia não deixou os manifestantes avançar para as grades da tribuna para derrubá-las. A avenida onde ia ser realizado o desfile foi evacuada pela polícia e furgões policiais se colocaram ao longo dela, fechando o acesso das pessoas à rua vazia, tal como nos dias da ditadura dos coronéis, de 1967 a 1974.
Os manifestantes acabaram por conseguir ocupar a tribuna de e sendo o Presidente da República forçado a abandonar o local, sendo insultado por por populares em grande revolta. Também houve conflitos entre os cidadãos e militares.

Em Patras, terceira cidade mais populosa da Grécia, o povo vaiou o vice-ministro da Defesa, Spiliopulos, enquanto ele este se dirigia para a catedral da cidade . Um pouco mais tarde, ao render homenagem ao chamado Monumento aos Caídos, O ministro recebeu uma chuva de ovos e outros objetos. Além disso, os manifestantes perseguiram e expulsaram jornalistas ao serviço do sistema. Manifestantes ocuparam a avenida principal da cidade, onde seria realizado o desfile escolar:

Na ilha de Rhodes, o desfile realizado na capital foi interrompido quando muitas pessoas romperam o cordão policial que protegia os dirigentes locais. A revolta dos populares ao dirigirem-se à tribuna das comemorações com intenções muito agressivas. Alguns deputados e o ministro do Desenvolvimento refugiaram-se num edifício do governo.

Na capital da ilha de Creta, Heraklion, os populares vaiaram os políticos do regime jogando sobre eles vários objetos , exigindo a sua saída. No final, retiraram-se todos.

Na cidade de São Nicolau, na mesma ilha, o representante do governo foram forçados a fugir diante as vaias fortíssimas dos cidadãos da capital da província. Creta era considerada um dos redutos do partido no poder.

Na cidade de Volos, cerca de 1.000 adeptos da equipa de futebol local invadiram a área das celebrações e enfrentaram as forças antidistúrbios. A polícia usou granada a violência. Outros grupos de cidadãos destruíram a tribuna de autoridades e os jogaram ao mar suas partes quebradas, assim como muitas cadeiras. Em seguida, membros do movimento “Não pago” e outros manifestantes fizeram o seu próprio desfile - marcharam pelas ruas do centro da cidade. As vaias haviam começado horas antes, após uma cerimônia religiosa em uma igreja da cidade.

Na capital da ilha de Corfú, muitas pessoas foram para a tribuna para vaiar as autoridades locais e, acima de tudo, o secretário-geral do Ministério do Comércio. O governador local das ilhas jônicas ordenou o cancelamento do desfile escolar, frente à ameaça de ser ultrajado, tanto ele como todos os demais representantes das autoridades. Os populares em revolta da ilha não se limitaram a gritar contra o governo-gestor da política imposta pelo F.M.I., o Banco Central Europeu e a União Européia. Ocuparam a tribuna , desfraldaram bandeiras e expulsaram os dirigentes locais, que se viram evacuados pela polícia.

Em Kalammata, cidade do sul da Grécia, os alunos usaram durante o desfile braçadeiras de luto, e, ao passarem pela tribuna das autoridades, viraram a cabeça para o lado oposto. Um pouco antes do final do desfile, foram atirados tomates, ovos e vários outros objetos contra os ministros presentes e demais parasitas. O desfile foi interrompido por 15 minutos. A tensão continuou no final do desfile, quando o povo exigiu que saíssem todos. Muitos manifestantes conseguiram alcançar e insultar o deputado local Vuduris, apesar de estar escoltado por mais de 30 policias.

Na cidade de Trípoli, no Peloponeso, muitos habitantes gritaram frases contra os deputados locais, o governo e todas as autoridades durante todo o desfile, cobrindo com suas vozes as marchas que soavam pelos alto-falantes. A presença dos manifestantes foi massiva e muito combativa, com gritos, lemas e bandeiras durante todo o desfile. Os alunos, que foram forçados a desfilar ao passar pela tribuna, como em toda a Grécia, viraram a cabeça para o lado oposto a ela. Ao final deste show chamado desfile escolar, o ministro da Justiça, Papaioanou, teve de ser retirado por seguranças e policias, entre gritos e vaias.

Na cidade vizinha de Pyrgos, as pessoas vaiaram todos os representantes do poder, especialmente o governador da região a que pertence à cidade. O povo exigiu que saíssem todos esses parasitas. O desfile começou quando se viram forçados a deixar o local, sem assistir ao evento que melhor reflete sua ideologia. No final do desfile escolar os populares ocuparam a avenida principal da cidade, não permitindo a continuação do desfile por outras associações da cidade.

Na cidade de Náuplia, também no Peloponeso, o ministro do Meio Ambiente foi forçado a retirar-se e fugir para um endereço desconhecido, sendo fortemente vaiado por muitos manifestantes. Da tarefa de sua fuga se encarregaram as forças policiais locais - ou seja, os de costume - cães leais aos seus donos.

Na cidade e Trikala, Tessália, centro da Grécia, a polícia tentou impedir as pessoas que se manifestavam, quando muitos dos reunidos romperam o cordão policial e atingiram deputado do partido do governo Pasok , Magufis. Um dos manifestantes foi detido, fato que causou algumas reações ainda mais combativas dos manifestantes, que barraram o carro da polícia no qual estava o detido. O detido foi liberado poucos minutos depois, sendo aplaudido pelo povo. Os representantes das autoridades locais, humilhados, se viram -se obrigados a evacuar a área do desfile. O desfile tornou-se numa massiva manifestação.

Estas acções de revolta do povo grego, estenderam-se a muitas outras cidades e localidades gregas, demonstrando que o povo grego está farto da política do presente governo ao serviço do grande capital europeu. A revolta está latente e por mais manobras de diversão, caso da proposta de referendo do primeiro ministro grego não pode escamotear que os seus dias no governo tendem a acabar muito em breve.

A revolta dos gregos está aí e vai intensificar-se .

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